domingo, 5 de abril de 2009

II Império (1840 - 1889) - POLÍTICA


-Conservadores e Liberais-
No segundo Império, a política passou a ser dividida em 2 principais grupos partidários e continuou reduzida a apenas homens da elite branca, proprietários de terras, com formação superior e livres. A ideologia era a de que isso criava uma elite com “vocação” para ter poder sobre a “raia miúda” e os escravos. Os dois partidos (Liberais e Conservadores) tinham praticamente os mesmos projetos, porém, passaram a brigar pelo poder.


Partido Conservador -> Regressistas, a favor da centralização do poder político.

X

Partido Liberal ->Progressistas, a favor de uma autonomia da província. Existia um grupo (pequena ramificação do partido), que era muito mais “barulhento” e “radical”, chamado de Liberal exaltado.


-Golpe da Maioridade-
Como o país estava vivendo diversas revoltas, a elite (tanto liberais quanto conservadores) começou ter medo de perder o poder e o status quo. Devido a isso, os liberais (mesmo contra a centralização do poder), resolveram antecipar a coroação de D.Pedro II e o apoiaram para que virasse imperador com apenas 15 anos, em 1840 (eles achavam que iriam conter o avanço dos conservadores e ter mais poder no parlamento com esse apoio).
Os conservadores não se opuseram (para não se “queimarem” com o rei) e coroação antecipada de D.Pedro II com ajuda dos liberais ficou conhecida como golpe da maioridade.


-Eleições do Cacete-
A eleição para escolha do parlamento foi muito conturbada e ficou conhecido como eleições do cacete. Como o voto não era secreto, muitas vezes, para conseguir o voto, os políticos faziam ameaças de morte aos eleitores, ofereciam recompensas entre outras coisa. Vendo que os liberais estavam com vantagem, os conservadores se revoltaram e acabaram anulando as eleições, dizendo que ela era fajuta. No fim das contas, D.Pedro II teve que decidir qual grupo apoiar e apoiou os conservadores.

-Parlamentarismo às Avessas-
Em 1847, D.Pedro adotou o sistema de Parlamentarismo também usado na Inglaterra, porém de uma maneira completamente diferente, pois o poder permanecia o tempo todo nas mãos do imperador e não da câmara (como era no sistema parlamentarista). Esse foi o motivo de muitos historiadores chamarem de “Parlamentarismo às avessas”.
-O parlamentarismo clássico é quando o Parlamento escolhe o primeiro-ministro, que decidia quem ia ser o novo ministério que vai governar o país. O rei (no caso das monarquias) ou Presidente (no caso das republicas parlamentares) são apenas chefe de Estado sem nenhuma função administrativa.
-O parlamentarismo do Brasil foi diferente, pois D.Pedro II escolhia o “Presidente do Conselho de Ministro”, (cargo criado parecido com o de primeiro-ministro) que sugeria o novo ministério que vai governar o país. Porém o rei deveria aprovar a sugestão, caso contrário era obrigado a propor substitutos.

-Guerra do Paraguai (1864 – 1870)-
“Paraguai no sec. XIX era uma potência econômica da America do Sul independente das nações européias, desde sua independência em 1811. Para a Inglaterra, esse era um exemplo que não poderia ser seguido pelos outros países latino-americanos dependentes do império inglês. Por esse motivo e pelo objetivo de abrir a economia paraguaia para seus produtos manufaturados e tendo acesso ao algodão paraguaio para a indústria inglesa de tecidos (que estava sem abastecimento dos EUA devido guerra civil americana em 1860), os ingleses emprestaram dinheiro e deram apoio militar aos países da Tríplice Aliança”.
[Essa teoria acima foi muito usada em 1970, porém pode se considerar ultrapassada nos dias de hoje.No ano em que a guerra começou o Brasil estava com relações diplomáticas rompidas com a Inglaterra que apenas foram restabelecidas em 1865. Isso é um dos fatos que desmente a teoria.]

A guerra do Paraguai começou em 1864 quando o ditador paraguaio Solano Lopez resolveu aumentar o território do seu país para melhorar a economia. Seu principal objetivo era conseguir ter acesso ao oceano Atlântico. A “desculpa” usada para iniciar a guerra foi de que o Brasil interferiu na política uruguaia, então Paraguai decidiu aprisionar o navio brasileiro “Marques de Olinda” no rio Paraguai.
Por outro lado, o Império Brasileiro mobilizou todas as províncias para a luta justificando que fora agredido pelo Paraguai sem prévia declaração de guerra e que Francisco Solano Lopez era um megalomaníaco, de modo que a sua permanência no poder ameaçava a paz na região e a segurança das fronteiras. É interessante perceber que foi a primeira vez desde que o Brasil ficara independente que os brasileiros de todas as províncias se uniram pela mesma causa.
O pensamento da época entre os brasileiros era de que Paraguai atacou o Brasil sem motivos, porém eles não culpavam Paraguai pelo ataque, mas sim Francisco Solano Lopez, que dominava de forma tirânica seu país. Naquela época, a imprensa do Paraguai era do estado; não havia diferentes partidos políticos e não existia tolerância em relação à oposição; O congresso só funcionava quando convocado por Solano Lopez; Resumindo, todas as decisões eram de iniciativa de López. Na imprensa brasileira da época era normal chamar a guerra contra Paraguai de “A guerra de Lopez”.

O primeiro território invadido pelo Paraguai foi o de Mato Grosso (devido ao fraco exército). Logo em seguida, ele passou pela província argentina de Corrientes e já estava indo em direção a Rio Grande do Sul e Uruguai. Com isso, em 1865, o Brasil, Argentina (governada por Mitre) e Uruguai (governado por Flores) fizeram a Tríplice Aliança contra Solano Lopez (ditador paraguaio). Além disso, devemos lembrar que a partir de 1865 esses países contaram com o apoio inglês (que dava empréstimos para manter os exércitos). Através da batalha de Riachuelo nesse mesmo ano, a frota paraguaia foi destruída e a partir daí as forças da tríplice aliança passaram a ter controle dos rios, que eram os principais meios de comunicação, deixando o Paraguai “isolado”.

O Brasil, até então, tinha uma Guarda Nacional que cumpria a função de exército muito mal, e quando comparada ao exército bem organizado e treinado paraguaio, se viu a necessidade de criar uma nova força armada brasileira. Para isso, oficiais do exército se encarregaram dessa função e para ampliar o número de soldados, em 1866, decretaram que os escravos que fossem lutar na guerra obteriam a liberdade. (Muitos se alistaram dessa maneira, mas alguns foram obrigados a se apresentarem no lugar dos filhos de seus senhores que haviam sido recrutados). Os trabalhadores, produtores de riquezas, foram transformados em soldados consumidores de recursos. Devido a seu enorme exército, o Brasil foi o país da Tríplice aliança que mais forneceu militares, porém um dos que mais sofreu com isso. Além das mortes por combate, existia o problema de falta de alimento, comunicação e epidemias (principalmente cólera) que atingiam ambos os lados da guerra. Dos 139 mil brasileiros que lutaram 50 mil morreram e 2/3 deles por doenças (maioria eram negros).
Para organizar esse novo exército foi chamado, em 1866, o barão de Caxias, que conseguiu fazer com que Paraguai se retirasse dos territórios brasileiros e venceu várias batalhas em território paraguaio, que abriram caminho para a invasão da capital, Assunção, em 1869. A última batalha foi em 1870, liderada pelo genro de D. Pedro II (Conde D’Eu), que conseguiu fazer com que Solano Lopes fosse morto, em Cerro Cora.

A única coisa boa que a guerra trouxe para o Brasil foi o fortalecimento do exército criando um grupo de oficiais disciplinados e em maior número do que a Guarda Nacional, pronto para defender os interesses da instituição, podendo até ser capaz de impor suas idéias a força se necessário, causando uma pequena instabilidade ao regime Imperial; Porém a guerra gerou muitas mortes e um enorme endividamento com a Inglaterra (que foi a maior beneficiada com o conflito, acabando com a economia do Paraguai e aumentando seus negócios na região.)

A guerra devastou o território paraguaio e sua economia, causando a morte de cerca de 75% da população. Depois da Guerra do Paraguai, ele nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento econômico e passa por dificuldade políticas e econômicas até hoje.


-Decadência do II Império-
D.Pedro II era muito culto, fino, poliglota e estava a mais de 48 anos no poder, porém ele foi se desgastando devido a diversos fatores:
1-D.Pedro II se desgastou com as pressões. Ele tinha dificuldade para lidar com os conservadores e liberais (quando agradava um revoltava o outro e vice versa).
2-D.Pedro II se desentendeu com a elite aristocrata e os fazendeiros. O fim do trabalho escravo em 1888 fez com que os fazendeiros, cafeicultores e a aristocracia tradicional (que antes eram a favor de D.PedroII) se revoltasse contra ele e passaram a apoiar a Republica (Tipo de governo que existe desde a Roma antiga porém “cresceu” muito com a rev. francesa e o iluminismo. Toda a America já era Republica, menos o Brasil)
3-D.Pedro II se desentendeu com o exército. Com a guerra do Paraguai, os militares brasileiros voltaram muito mais confiantes exigindo maior espaço político e tendo um espírito corporativista (militar tende a se solidarizar com outros militares). D Pedro II apoiava muito mais a guarda Nacional do que o exercito. (deixando-os insatisfeitos)
4-D.Pedro II se desentendeu com a igreja católica. A religião oficial do Brasil era o catolicismo, porém o estado tinha direito de interferir em assuntos da igreja (Normalmente, para não ter problemas, o rei aceitava o que o Papa dizia). Os bispos do nordeste passaram a mandar embora todos os padres maçons. D.Pedro II era maçom e católico, a quem devia apoiar? Ele havia jurado fidelidade às duas. Segundo o Papa era impossível para os padres serem fiéis a Igreja e ao mesmo tempo a maçonaria. No fim das contas, ele mandou prender os bispos e apoiou os padres maçons, indo contra o Papa e se “queimando” com a igreja.

Em 1889 ocorreu um golpe militar que acabou com a monarquia e proclamou a Republica. É importante lembrar que ambos os militares proclamadores da República participaram da guerra do Paraguai e viam seu governo como merecido, devido a sua bravura pelo país. Eles justificavam o novo tipo de governo criticando homens e acontecimentos da história no Brasil Monárquico, inclusive a Guerra do Paraguai. O golpe foi feito da noite para o dia sem a participação popular e D.Pedro II teve de se exilar na França, porém morreu infeliz porque sentia muita falta do Brasil: país que amava.

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