quarta-feira, 3 de junho de 2009

GUERRA DE CANUDOS (1896 – 1897)


Governo de Prudente Morais contra Antonio Conselheiro

Introdução
Nesse período o Brasil era uma República e presidente era Prudente Morais (1894-1898), o primeiro civil a ocupar a presidência. A República foi proclamada, pois o regime Monárquico, já estava desgastado e não contava mais com o apoio social de cafeicultores (lutavam por regime democrático) e militares (buscavam maior participação política) -> principalmente após guerra do Paraguai.

Muitas revoltas ocorreram, pois as autoridades não tinham a menor preocupação com os problemas sociais como o analfabetismo, fome, falta de moradia e terras para os indivíduos das classes desfavorecidas, limitavam-se em reprimir esse movimentos

O Nordeste estava passando por um longo período de decadência econômica A partir de 1850. O principal motivo foi a queda do preço de açúcar no mercado internacional. Além disso, em outros lugares do nordeste, os produtos do sertão, o gado e seus derivados perderam o seu mercado tradicional, pois o charque e o couro do Rio Grande do Sul tomaram o lugar dos produtos do Nordeste. Os engenhos faliram.

Os Estados Unidos, grande produtor de algodão, passou por uma guerra civil que durou de 1861 até 1865. Isso incentivou a produção de algodão no Brasil principalmente no nordeste. Após 4 anos, com o fim da guerra, a produção de algodão do Nordeste brasileiro teve de enfrentar a concorrência do algodão americano, novamente em “circulação”.

Se não bastasse isso, as fortes secas de 1877 e seus anos seguintes agravaram a crise econômica, pois os sertões transformavam-se em um imenso deserto e os sertanejos deixavam suas terras em busca de água, e quase sempre não voltavam mais.
Aos poucos, os trabalhadores do nordeste foram atraídos para as regiões produtoras de café no Centro-Sul, para os seringais na Amazônia e as plantações de cacau no sul da Bahia. Tudo isso fez com que a migração interna do Brasil crescesse e afetou muito a estrutura de poder no sertão. Isto é, o coronel, perdeu sua “importância”, pois grande parte dos seus eleitores e apadrinhados migraram para outros lugares. Os que permaneceram no local e resistiram as secas ficaram a mercê de bandos de cangaceiros armados. Outros acabaram formando ajuntamentos de cunho religioso, como Antonio Conselheiro, na Bahia.

Nesse mesmo período a igreja católica passava por uma série de transformações, entre elas, “purificar” a fé (eliminando maçonaria e positivismo, protestantismo e outras religiões “intoleráveis”). Isso resultou com a aproximação da igreja e o povo nordestino. No sertão, surgiram pessoas que se dedicavam a realizar obras de caridade – beatos e beatas.

Positivismo: idéias contra religião / busca da razão


O Beato Antônio Conselheiro
Nascido em 1830, no Ceará, Antonio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antonio Conselheiro tinha o pai comerciante simples, porem que pode oferecer uma vida sossegada para a família. Ele freqüentou escola de religião. Mais tarde em 1855 quando seu pai morreu ele tomou conta dos negócios da família.

Quando se casou em 1857, mudou drasticamente de estilo de vida, antes ele tinha uma vida um pouco pacata e seguia os exemplos o pai, quando casou passou a viajar por diversos povoados da região atuando em varias profissões. Antonio Conselheiro se “transformou” quando sua mulher o abandonou e fugiu com um policial. Antonio Conselheiro sumiu por um tempo e deixou seu passado para seguir o destino de uma missão. Ele achava que havia sido enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e os pecados Republicanos (impostos / intervenção do estado na igreja etc.)
Peregrinação

Sua aparência e modo de ser “estranho” causava admiração e respeito principalmente, pois ele demonstrava total desapego aos prazeres materiais e vivia de esmolas, alimentando-se somente do necessário e dormia sobre o chão, ou em algum banco (nunca em camas ou redes).

Durante mais de 20 anos, o beato fazia processões por povoados, entoando cantilenas ,carregando cruzes e um pequeno oratório com a imagem de Cristo. As pessoas saiam de suas casas curiosas para assistir de perto a entrada “triunfal de Antonio Conselheiro.

Ele não era considerado membro da igreja, porem fazia obras de caridade para a população mais pobre: construía casas de caridade, igrejas, hospitais e cemitérios.

A fama de Antonio Conselheiro, o beato solitário de aparência misteriosa, espalhou-se pelo sertão, envolvendo varias pessoas que passaram a seguir ele e auxiliar na realização das obras. Muitos achavam que estavam diante de um novo Santo. “Devido a isso muitas cidades ficavam despovoadas atingindo a economia do Nordeste”

Ele era um ótimo “orador” e seus fieis ouviam ajoelhados com fascínio o discurso que ele fazia. Normalmente ele pregava a salvação dos homens por boa ação, alertava o povo da ganância dos poderosos sobre os pobres, contra a escravidão e falava dos problemas populares. Ele criticava muito a República devido a intromissão do estado em assuntos religiosos como casamento e sepultamento:

-Antes da República a Igreja tinha um enorme poder sobre o estado. Naquela época não existia certidão do nascimento e o único “documento” que era possível receber era o de batismo. (portanto a igreja tinha certo “monopólio”: ou o cidadão era católico ou não era “ninguém”.);
-Com a República passou a existir a “certidão” do nascimento, o casamento no civil foi “liberado”, normas para uso de armas e os símbolos nacionais (selos, hino, bandeira) foram criadas. Essas mudanças fizeram com que o laço entre a Igreja Católica e o estado desaparecesse.

Antonio Conselheiro era contra a separação da Igreja e do Estado, mas mesmo criticando a Republica não era considerado um monarquista.
Repercussão das Peregrinações

Muitos padres percebiam que estavam perdendo sua influencia sobre o povo e os fazendeiros também. Eles começaram a ficar preocupados, pois a mão de obra nas fazendas começou a diminuir. As autoridades tentaram conter o avanço de Antonio Conselheiro mas não conseguiam.

Em 1893, o beato promoveu a queima de alguns editais republicanos que anunciavam os novos impostos feitos pelo novo governo (Isso foi no sertão da Bahia). Com isso as autoridades republicanas enviaram uma pequena tropa pra prender Antonio Conselheiro, mas ele fugiu e se refugiou em canudos (*1 e 2), em uma fazenda de gado abandonada, perto a uma curva do rio Vaza-Barris.

Enquanto isso, na capital da República, falava-se em uma conspiração monárquica que estava querendo derrubar o regime republicano. Quando as noticias sobre canudos chegaram até o RJ, as autoridades e a população falavam que era o centro de conspiração monarquista e seus seguidores eram muito perigosos, pois ameaçavam a estabilidade do novo tipo de governo (republica). Era necessário destruir Canudos!

A vida em Canudos
Pouco a pouco os seguidores começaram a chegar ao Arraial de Canudos: mais de 30 mil pessoas instalaram-se, foram construindo igrejas e casas (maioria eram ex-escravos (*5). Em média construía-se 12 casas por dia(*4). O lugar era apenas uma rua que partia da praça da Igreja Velha que dividia a cidade em duas partes. Além das casas Canudos contava com duas escolas, algumas farmácias, oficinas e alguns estabelecimentos comerciais.

Alguns moradores de lá eram foragidos e perseguidos das autoridades policiais que viam a oportunidade de uma vida melhor. Para entrar em Canudos era muito difícil, Antonio Conselheiro que decidia quem podia morar ou não ali. Além disso, ele fazia muitas normas de conduta: proibida bebidas alcoólicas, prostituição, crimes etc... (*3)

Todos entregavam tudo o que possuíam para Antonio Conselheiro e tinham que trabalhar, sem exeção, fazendo a propriedade tornar-se coletiva sem imposto, sem policia, e sem “patrão” e “empregado”. De noite a multidão se reunia para ouvir as pregações de Antonio Conselheiro

A segurança em Canudos
As autoridades republicanas estaduais não sabiam direito o que fazer com esses “fanáticos” reunidos em Canudos. A igreja, vendo que o movimento crescia e escapava do seu controle chegou a enviar três frades para realizar a “santa missão”, que tinha como objetivo verdadeiro, dispersar a população do arraial.
Conselheiro recebeu eles com cordialidade mas quando eles tentaram convencer os fiéis que estavam errados a missão fracassou pois Antonio Conselheiro contava com a proteção de mais de 600 jagunços que atuavam como guarda católica de canudos (companhia de Jesus) e os padres foram exilados de lá.

Os jagunços eram homens armados uniformizados escolhidos entre os melhores para a luta e estavam sob a chefia de João Abade, conhecido como o “Chefe do povo.
Como Antonio Conselheiro já estava com mais de 60 anos, ele contava um grupo de pessoas de sua confiança para que a cidade “prosperasse”. Segundo o pensamento da população de Canudos: “o resto do país estava contaminado pela Republica” Com o passar do tempo esses jagunços utilizavam essa idéias para justificar roubos e suas atitudes agressivas Conselheiro punia delitos leves “ao seu modo” e encaminhava as autoridades os delitos “mais graves”.

A Igreja Nova – O começo de uma guerra
Como a cidade cresceu muito, a Igreja Velha foi se tornando frágil e muito pequena. Antonio Conselheiro resolveu então construir um templo maior, que servisse também de fortaleza. A construção dessa igreja mobilizou a maioria da população de Canudos.
Um simples mal entendido causou o começo da Guerra: Para finalizar a obra, Antonio Conselheiro tinha encomendado mais madeira em Juazeiro (Bahia). Ele pagou com antecedência porem a madeira não chegou no prazo previsto. Preocupado com o atraso da construção da nova igreja mandou avisar em Juazeiro que se o problema era falta de carregadores ele iria mandar seus adeptos.

Esse aviso de Conselheiro foi entendido como “ameaça” (desde a queima dos editais, a situação estava tensa entre eles) e serviu como pretexto para movimentar uma repressão contra eles. O juiz de Juazeiro pediu ajuda ao governador da Bahia, que enviou mais de 100 homens para a cidade. Era o início de uma guerra...

Uma luta demorada...
Quando as autoridades da Bahia decidiram eliminar o grupo de Antonio Conselheiro não imaginavam que o combate ia durar tantos meses. O exército não estava preparado para um guerra como aquela pois além de não conhecer a região, não “conheciam” seus adversários. O ambiente da caatinga virou uma vantagem para os sertanejos, em relação as tropas do governo.

Além do calor e da falta de água, a vegetação piorava a situação, algumas plantas rasgavam as fardas dos soldados, causava quieimaduras. Os animais utilizados para transportas alimentos e munições sofria com o clima e muitos morriam no caminho. A fome era inevitável. As péssimas condições sanitárias atraia doenças e nas quatro expedições que ocorreram centenas de soldados morreram sem nunca ter combatido.

As emboscadas
Eles eram presas fáceis aos Jagunços de Conselheiro. A tática de emboscada dos sertanejos surpreendia os soldados. Os jagunços eram cautelosos e economizavam munição com tiros certeiros. As vezes eram muito poucos jagunços mas como ficavam escondidos, mudando rapidamente a posição de cada tiro, pareciam ser muitos. Como os soldados não viam os inimigos, as expedições não foram muito bem sucedidas. Ao todo foram feitas 4 expedições contra Canudos.

Primeira expedição
Em 1896, o governo resolve atacar Canudos. As autoridades da Bahia mandaram para Juazeiro uma tropa de 2 guias, 1 médico e 113 soldados para dispersar os seguidores de Antonio Conselheiro. Como todos estavam em Canudos, o comandante da expedição optou por ir até Canudos “buscar” seu inimigo. (mais de 200km)
Essa expedição foi um fracasso. Antes mesmo de chegar em Canudos foram cercados por jagunços de Conselheiro, a batalha durou de 4 a 5 horas. Os relatórios sobre o confronto eram cada vez mais aterradores, repercutindo em RJ, nas capitais das províncias, nas redações do jornal, em restaurantes, livrarias, nos ministérios, etc. (Para o governo, se tratava de outro episodia que deveria a ser abafado.).

O relatório da guerra assustava, ao denunciar as atrocidades (soldados sendo mortos a golpes de facão, e estado lamentável das tropas). Ele pode sintetizar todo o drama vivido no Brasil naquele início de Republica. Um inicio conturbado com conflitos de diferentes “civilizações”, de diferentes “mentalidades”, de diferentes “modelos” resultando em um colapso de valores.

Segunda expedição
A segunda expedição contou com 1 médico, 1 farmacêutico, 1 enfermeiro e 609 soldados armados com armas modernas e letais: dois canhões Krupp (alemães e tres metralhadoras. Eles achavam que iam ganhar facilmente e deixaram mais de 2/3 da munição na cidade (*12). Como “Conselheiro” tinha vantagem de conhecer os melhores lugares de posição de tiro a expedição novamente foi um fracasso e devido a emboscada em Serra do Cambaio foi repelida em janeiro de 1897.

Terceira Expedição
A terceira expedição, comandada pelo coronel Moreira César, contou com mais de 1300 combatentes, que foram armados com baionetas e 6 canhões. Em março de 1897, essa expedição foi dispersada, deixando muitas armas e munição para os jagunços de Antonio Conselheiro. (*11)

Quarta Expedição
A quarta e ultima expedição foi a maior e reuniu além da marinha brasileira, mais de 3.400 soldados de 17 diferentes estados brasileiros, todos portando armas modernas(*9). O confronto começou com vantagem dos Jagunços de Conselheiro porem o reforço de mais de 3000 soldados e 24 estudantes de medicina fizeram com que o exército finalmente saísse vitorioso. Euclides de Cunha, chamado pelo jornal Estado de São Paulo para fazer uma série de reportagens, escreveu paginas sobre a Guerra de Canudos em seu livro, “Os Sertões” de 1902 (que pode ser considerada uma crítica humana e uma incompreensão entre as elites governamentais). O seu livro é considerado hoje em dia uma obra-prima da literatura brasileira pré-modernista. Ele dizia que existia uma “discordância radical entre as cidades da costa e as telhas do interior, que desequilibra o ritmo do nosso desenvolvimento evolutivo e perturba a unidade Nacional”. Isto é, os soldados republicanos foram convocados para uma guerra com um “povo que não conhecia”, e eles se viam em “terras estranhas”. “Os sertões” mostrando a diferença “cultural” entre esses dois povos brasileiros:

Ele também nos mostra o conflito vivido por esses jovens oficiais e soldados, que não tinham noção do que faziam naquela campanha militar fratricida. Ele não entendia como um exército tão bem equipado demorava tanto para conseguir vitória Por Ora, a república estava salva.
(*13) Conselheiro morreu em 22 de Setembro de 1897e no mês seguinte, as tropas do governo conseguiram tomar Canudos. (*7) Seus seguidores não se renderam e resistiram até o fim(*10). As últimas palavras dele:
Eles acabaram sendo vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local para buscar alimento. Muitos morreram de fome. Depois da guerra mais de 5.200 casas viraram cinzas.

A guerra representou a luta pela libertação dos pobres da zona rural sobre as influencias e realidade Republicana. A resistência mostrou o potencial do sertanejo defendendo seus ideais (*17 e 18)

LEGENDA
(Curiosidades)


1- Nome do lugar era canudos devido a uma planta chamada Canudo-de-Pito. Os antigos moradores fumavam longos cachimbos
2-Antonio Conselheiro rebatizou Canudos de Bello Monte.
3-Uma das primeiras providencias dos conselheristas ao se estabelecerem ao belo monte foi cavar trincheiras e participar de exercícios de tiro (UMA MEDIDA DE SEGURANÇA IMPORTANTE DEVIDO AO ATAQU DO GOVERNO)
4-Em quatro anos tornou-se a segunda maior cidade da Bahia com mais de 25.000 habitantes (salvador tinha 200.000 na época)
5- Possui tantos negros que muitos pensavam que canudos era o ultimo quilombo
7-Na guerra morreram mais de 25.000 pessoas alem de destruírem a cidade de canudos.
9-Machado de Assis escreveu em sua coluna de Jornal gazeta de noticia um protesto contra a perseguição que o governo estava fazendo a Antonio Conselheiro em canudos
10- Oficiais que participaram da guerra do paraguay afirmaram: Jamais vimos um combate como o de canudos
11- O governo Luis Viana declarou: “se for pegado Antonio conselheiro tudo estará terminado, porem se ele fugir será preciso persegui-lo onde quer que ele esteja para não formar mais grupos.
12- Um oficial escreveu em seu diário:”a fome tortura, o calor queima, a sede abranja, a poeira sufoca e os olhos esbugalhados fitam o vaco”
13- As torres da igreja nova foram tomadas pelo exército
14- ultimas palavras de Conselheiro: texto Tainá
17 – A cabeça d Antonio conselheiro foi cortada e levada a Salvador
18 – em Março de 1905 pegou fogo a faculdade de medicina de Salvados e destruiu a cabeça dele.
Positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética

domingo, 5 de abril de 2009

1ª República (1889 - 1930) - ECONOMIA


-Ruy Barbosa e a Crise Econômica-
O Marechal Deodoro, em 1889, escolheu Ruy Barbosa como ministro da fazenda. Ruy era muito inteligente e extremamente culto. Percebeu que todos os grandes países já tinham industrialização, então tentou promover a industrialização no Brasil. O grande problema era que o Brasil não tinha nem riqueza suficiente nem indústria o suficiente. A idéia que ele teve foi a produção de mais moeda (mesmo sem tanto fundo) e o empréstimo fácil (Ruy sabia que isso ia gerar muita inflação, porém achou que seria por um curto espaço de tempo. Ele achava que a moeda ia bancar a criação de mais empresas, as empresas gerariam mais dinheiro fazendo a inflação cair).

O resultado disso, na verdade, foi o oposto, pois muitas pessoas criavam empresas fantasmas e viviam da compra e venda de ações, esperando que as empresas valorizassem*1, porém como poucos realmente investiam em empresas, as ações não valorizavam e a inflação aumentou drasticamente, deixando o Brasil em crise.

As conseqüências da desastrosa reforma foram a falência de muitas empresas e queda nas ações. O nome pejorativo dado à reforma de Ruy Barbosa foi “Encilhamento” (A palavra, no hipismo, remete ao equipamento para “controlar o cavalo”, a analogia se dá, pois naquela época era comum os ricos irem ao Jóquei apostar nas corridas de cavalos. Na analogia eles comparam apostar em cavalos com apostar no mercado financeiro).
Devemos lembrar que com o fim da escravidão, em 1888, os ex-escravos tinham maior dificuldade de arranjar trabalho assalariado devido ao preconceito (pois a maioria preferia imigrante). Em 1892 o custo de vida subiu muito (principalmente devido ao “Encilhamento”) e a classe mais prejudicada de todas foi a classe baixa (principalmente os ex-escravos).

-Convênio de Taubaté - 1906-
Como a economia do Brasil, desde começo do sec. XIX, era voltada para a produção do café e muitas pessoas apostavam e investiam nele, o café acabou sendo produzido em excesso e ocorreu uma superprodução no começo do sec. XX. Sempre que se produz mais que se pode vender, o produto tem a tendência a desvalorizar.

Em 1906, no convênio de Taubaté, muitos fazendeiros e representantes de MG,RJ e SP se reuniram e para não serem prejudicados com a crise, fizeram a proposta de não abaixar o preço do café e ficar “segurando-o”. (mesmo que isso fosse gerar uma inflação). O café excedente era comprado pelo governo (dinheiro do povo) para ser estocado até a economia “voltar” ou era queimado. O importante, para os fazendeiros, era de que em nenhuma das hipóteses esse o café caísse no mercado econômico. (para não desvalorizar o café) Adotou-se também a política de desvalorização do cambio.?

Com a inflação, tudo aumentou de preço e as importações ficaram mais caras. (governo tinha que pagar mais caro para comprar maquinas). A população mais pobre (principalmente trabalhadores) foi a mais atingida pela crise, pois os fazendeiros continuavam a ganhar com a exportação e a desvalorização da moeda (que fez com que os países estrangeiros tivessem mais interesse em comprar café.)

Hoje em dia o governo não compra mais os excedentes como batata e soja em casos como esses, então muitos fazendeiros acabem tendo que queimar o produto excedente para não deixar entrar no mercado e diminuir o preço dele. Muitas vezes é mais barato queimar o produto do que demitir trabalhadores.

LEGENDA:
*1 Isto é chamado de “especulação”, o especulador faz a compra e venda de ações (mercado financeiro) para ganhar dinheiro fácil. (Especulação financeira)

1ª República (1889 - 1930) - POLÍTICA


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-Golpe Militar de 1889-
O II Império de D. Pedro II acabou “do dia para a noite” com o golpe militar. Em 1889 os militares colocaram no poder, sem eleição direta, seu líder Marechal Deodoro da Fonseca como chefe de um governo provisório que tinha o objetivo convocar uma Assembléia para criar a Nova Constituição (pós-golpe, que foi promulgada apenas em 1891).

A Primeira República do Brasil era federativa*1 e presidencialista*2, porém não era democrática, pois possuía um perfil aristocrático (voto censitário não existe mais, porém mulheres, religiosos, mendigos, soldados e analfabetos continuam sem poder votar). A república possuía um sistema bicamaral. (Senado*3 e Câmara dos deputados *4), portanto, dessa forma, o Presidente não tinha o poder de mudar nada sem o apoio do senado e da câmara.
A Primeira República também é conhecida como “República velha” e pode ser dividida em 2 fases:


- República da Espada (1889 – 1894):-
A república da Espada foi um período da 1ª República em que os militares tinham o poder político. Nela governaram Marechal Deodoro da Fonseca (1889 até 1891) e Marechal Floriano Peixoto (1891 até 1894). Em ambos os governos, as eleições foram indiretas*5 e o povo não teve como escolher seu representante.

Enquanto Marechal Deodoro estava como chefe do governo provisório, foi promulgada, em 1891, a Primeira Constituição da República e foram feitas as primeiras eleições (indiretas). A chapa de Marechal Deodoro da Fonseca presidente (militar) e Eduardo Wanderkolk vice (militar), concorreu contra a chapa de Prudente Morais presidente (fazendeiro) e Floriano Peixoto vice (militar).

A vitória acabou sendo do militar Marechal Deodoro da Fonseca (possivelmente fraudada) e o vice-presidente foi Marechal Floriano Peixoto. (Deodoro passa de “chefe de governo provisório’ para “1º Presidente da República”.) Muitas mudanças passaram a acontecer:
-Antes da República a Igreja tinha um enorme poder sobre o estado. Naquela época não existia certidão do nascimento e o único “documento” que era possível receber era o de batismo. (portanto a igreja tinha certo “monopólio”: ou o cidadão era católico ou não era “ninguém”.);
-Com a República passou a existir a “certidão” do nascimento, o casamento no civil foi “criado”, normas para uso de armas e os símbolos nacionais (selos, hino, bandeira) foram criadas. Essas mudanças mostram a conseqüência da separação entre a Igreja Católica e o Estado.


Ainda no mesmo ano (1891), o Marechal Deodoro da Fonseca passou a ter problemas com a oposição e seu relacionamento no congresso ficou infeliz*7. Sem apoio do congresso os projetos de seu governo não iam para frente, então ele fechou o Congresso e se impôs como um ditador. Com isso os militares da marinha*8 ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro (Primeira Revolta Armada). Sem apoio político, Deodoro da Fonseca acabou renunciando a Presidência e no seu lugar entrou o seu vice Floriano Peixoto.
De acordo com a constituição, Floriano Peixoto deveria ter feito uma nova eleição, porém ele não respeitou a lei e provocou fortes oposições. No seu governo (que foi de 1891 até 1894) ocorreu a Segunda Revolta da Armada e revolução federalista*9, porém as duas foram reprimidas.


-República das Oligarquias (1894 –1930):-
Em 1894 ocorreu a primeira votação direta no país, isto é, o povo (com exceção de analfabetos, mendigos, soldados, religiosos e mulheres) teve o direito de votar. Nesse período apenas os fazendeiros ou militares podiam se candidatar. Muitas vezes, os fazendeiros (que precisavam de votos) construíam escolas nas suas fazendas para que os trabalhadores fossem alfabetizados o suficiente para poderem votar nele.
O primeiro presidente eleito pelas eleições diretas em 1894 foi Prudente de Morais (fazendeiro paulista).
O segundo presidente eleito com as eleições diretas em 1898 foi Campos Salles (fazendeiro). Ele oficializou um novo “modelo político” para que os fazendeiros continuassem a ser privilegiados. Na época, os dois estados brasileiros mais ricos e considerados a elite econômica brasileira eram São Paulo e Minas Gerais (Rio de Janeiro formava a elite política).
Para continuar com o poder centralizado em suas mãos, além de brigar politicamente, SP e MG se aliaram, e o presidente Campos Salles instituiu a “Política dos governadores”. O combinado era de que cada mandato fosse revezando entre SP e MG, isso favorecia os cafeicultores paulistas (café) e os criadores de gado mineiros (leite).

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Nessa política podemos que o eleitor nada mais é que “animais adestrados”, pois o coronel acaba muitas vezes ameaçando ou comprando voto do eleitor para que fosse eleita uma Assembléia favorável aos interessas dele. Isso é chamado de coronelismo. Hoje em dia ainda encontramos formas de coronelismo no interior do País.

Para ganhar esses votos, muitas vezes a relação do coronel e do curral eleitoral era manipuladora e se apoiava no paternalismo*10, no autoritarismo *11 ou no clientelismo.
Muitas vezes quando alguém era eleito sem ser da “panela” ou do “interesse” dos membro da assembléia muitas vezes a Comissão Verificadora anulava os votos e não o reconheciam dizendo que foi fraudado. Naquela época era comum todas as eleições serem fraudadas, porém apenas os candidatos que não tinham o interesse da assembléia que eram “pegos” de propósito.
Essa política sofreu muitas críticas principalmente dos empresários ligados a indústria (que estava em expansão), pois além de não favorecer a economia de outras regiões do Brasil, ela estava provocando problemas sociais também em outras regiões


-Instabilidade com a Política do Café-com-leite-
- Em 1910 ocorreu a Campanha Civilista que foi quando o baiano Ruy Barbosa (civil, SP) se candidatou como presidente e concorreu contra o Marechal Hermes da Fonseca (militar, MG). O civil Ruy Barbosa foi o primeiro candidato à presidência que percorreu vários pontos do país em busca de votos mobilizando muita gente com seus discursos, foi chamada de “campanha civilista”. A campanha de 1910, colocou de um lado RS e MG e de outro lado BA e SP. (Foi a primeira eleição “equilibrada”.)
Ela representou a primeira grande fissura na política do café com leite, pois São Paulo e Minas Gerais pela primeira vez estavam em lados opostos concorrendo à presidência. No fim das contas quem acabou ganhando as eleições foi Hermes da Fonseca (mesmo que a oposição tivesse recebido muitos votos devido à campanha civilista). Rui Barbosa, mesmo perdendo as eleições, conseguiu mostrar a força do movimento civilista, pois em algumas capitais conseguiu mais votos que seu oponente (São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador).
EXTRA:
O candidato preferido para substituir o presidente Afonso Penna nas eleições de 1910 era João Pinheiro, atual governador de Minas Gerais. Pouco antes das eleições, João Pinheiro morreu e o presidente Afonso Penna passou a apoiar seu ministro da fazenda Davi Campista para as presidência (ele não tinha tanto prestigio, mas era reconhecido em SP por atuar no Convenio de Taubaté). Os outros candidatos eram Rui Barbosa (civil da Bahia) e Hermes da Fonseca (militar do Rio Grande do Sul).
Os gaúchos que inicialmente iriam apoiar Rui Barbosa acabaram apoiando Hermes da Fonseca com objetivo, em segundo plano, de ganhar apoio das Forças Armadas (que estava afastado desde o governo de Floriano Peixoto, primeiro civil, 1891)
Os mineiros apoiaram Hermes da Fonseca, enfraquecendo assim a indicação de Afonso Pena (a sua bancada também não era a favor do ministro Davi Campista para presidência)
Os paulistas se viram então em uma situação complicada, pois não queria dividir a vitória com os gaúchos e mineiros e assumir papel secundário na campanha então apoiaram Davi Campista (graças a Afonso Pena). Infelizmente o objetivo de diminuir as forças mineiras fracassou.
No meio de tudo isso o presidente atual Afonso Penna morreu e foi substituído pelo seu vice: Nilo Peçanha. Este novo presidente era inimigo de Afonso Penna e apoiou Hermes da Fonseca (Ele que abriu caminho para ele ser eleito).
Como os paulistas estavam perdendo “força” eles não tinham outra opção a não ser apoiar alguém mais “destacado”, esse alguém era o baiano Rui Barbosa.



- Em 1921 até 1922 houve uma Reação Republicana onde estados como RJ,BA,PE e RS, irritados por não ter poder político, se uniram para tentar acabar com a política do café-com-leite. Arthur Bernardes era o candidato que representava SP e MG enquanto Nilo Peçanha era o candidato que representava RJ,BA,PE e RS.

-Em 1929 ocorreu a maior crise da bolsa de valores dos Estados Unidos. O desemprego aumenta nos EUA e ele entre em recessão, parando de comprar o café brasileiro para conseguir controlar a sua própria economia. Os fazendeiros têm um enorme prejuízo do dia para a noite. Quem estava no poder como presidente era o paulista Washington Luis. Os cafeicultores paulistas, para não saírem prejudicados apóiam Julio Prestes para próxima presidência e os mineiros ficam irritados (já que segundo a política do café-com-leite, era a vez do mineiro), então Minas Gerais faz a Aliança Liberal com Rio grande do Sul e Paraíba. Com isso os gaúchos conseguem colocar Getúlio Vargas no poder com a deposição de Washington Luis. (Júlio Prestes foi eleito, mas devido à revolução dos mineiros e gaúchos nunca chegou a assumir o poder)

LEGENDAS
*1 Federativa, pois os estados possuem certa autonomia
*2 Presidencialista, sendo que o presidente cumpria 4 anos de mandato.
*3 Senado atua no país (pode mudar leis.)
*4 Câmara dos deputados federal, estadual e municipal.
*5 Eleições indiretas são as votações em que apenas os congressistas votam.
*7 Fazendeiros X militares
*8 A marinha era diferente do exército e uma boa parte deles era ex-escrava (era mais próxima do povo).
*9 A Revolução Federalista foi feita pela elite da região do Rio Grande do Sul
*10 O coronel acabava virando “padrinho” de algumas pessoas da cidade, comprava remédios para doentes, fazia escolas, entre outros.
*11 O coronel mandava seus capangas oprimirem e infernizar a vida dos opositores

II Império (1840 - 1889) - POLÍTICA


-Conservadores e Liberais-
No segundo Império, a política passou a ser dividida em 2 principais grupos partidários e continuou reduzida a apenas homens da elite branca, proprietários de terras, com formação superior e livres. A ideologia era a de que isso criava uma elite com “vocação” para ter poder sobre a “raia miúda” e os escravos. Os dois partidos (Liberais e Conservadores) tinham praticamente os mesmos projetos, porém, passaram a brigar pelo poder.


Partido Conservador -> Regressistas, a favor da centralização do poder político.

X

Partido Liberal ->Progressistas, a favor de uma autonomia da província. Existia um grupo (pequena ramificação do partido), que era muito mais “barulhento” e “radical”, chamado de Liberal exaltado.


-Golpe da Maioridade-
Como o país estava vivendo diversas revoltas, a elite (tanto liberais quanto conservadores) começou ter medo de perder o poder e o status quo. Devido a isso, os liberais (mesmo contra a centralização do poder), resolveram antecipar a coroação de D.Pedro II e o apoiaram para que virasse imperador com apenas 15 anos, em 1840 (eles achavam que iriam conter o avanço dos conservadores e ter mais poder no parlamento com esse apoio).
Os conservadores não se opuseram (para não se “queimarem” com o rei) e coroação antecipada de D.Pedro II com ajuda dos liberais ficou conhecida como golpe da maioridade.


-Eleições do Cacete-
A eleição para escolha do parlamento foi muito conturbada e ficou conhecido como eleições do cacete. Como o voto não era secreto, muitas vezes, para conseguir o voto, os políticos faziam ameaças de morte aos eleitores, ofereciam recompensas entre outras coisa. Vendo que os liberais estavam com vantagem, os conservadores se revoltaram e acabaram anulando as eleições, dizendo que ela era fajuta. No fim das contas, D.Pedro II teve que decidir qual grupo apoiar e apoiou os conservadores.

-Parlamentarismo às Avessas-
Em 1847, D.Pedro adotou o sistema de Parlamentarismo também usado na Inglaterra, porém de uma maneira completamente diferente, pois o poder permanecia o tempo todo nas mãos do imperador e não da câmara (como era no sistema parlamentarista). Esse foi o motivo de muitos historiadores chamarem de “Parlamentarismo às avessas”.
-O parlamentarismo clássico é quando o Parlamento escolhe o primeiro-ministro, que decidia quem ia ser o novo ministério que vai governar o país. O rei (no caso das monarquias) ou Presidente (no caso das republicas parlamentares) são apenas chefe de Estado sem nenhuma função administrativa.
-O parlamentarismo do Brasil foi diferente, pois D.Pedro II escolhia o “Presidente do Conselho de Ministro”, (cargo criado parecido com o de primeiro-ministro) que sugeria o novo ministério que vai governar o país. Porém o rei deveria aprovar a sugestão, caso contrário era obrigado a propor substitutos.

-Guerra do Paraguai (1864 – 1870)-
“Paraguai no sec. XIX era uma potência econômica da America do Sul independente das nações européias, desde sua independência em 1811. Para a Inglaterra, esse era um exemplo que não poderia ser seguido pelos outros países latino-americanos dependentes do império inglês. Por esse motivo e pelo objetivo de abrir a economia paraguaia para seus produtos manufaturados e tendo acesso ao algodão paraguaio para a indústria inglesa de tecidos (que estava sem abastecimento dos EUA devido guerra civil americana em 1860), os ingleses emprestaram dinheiro e deram apoio militar aos países da Tríplice Aliança”.
[Essa teoria acima foi muito usada em 1970, porém pode se considerar ultrapassada nos dias de hoje.No ano em que a guerra começou o Brasil estava com relações diplomáticas rompidas com a Inglaterra que apenas foram restabelecidas em 1865. Isso é um dos fatos que desmente a teoria.]

A guerra do Paraguai começou em 1864 quando o ditador paraguaio Solano Lopez resolveu aumentar o território do seu país para melhorar a economia. Seu principal objetivo era conseguir ter acesso ao oceano Atlântico. A “desculpa” usada para iniciar a guerra foi de que o Brasil interferiu na política uruguaia, então Paraguai decidiu aprisionar o navio brasileiro “Marques de Olinda” no rio Paraguai.
Por outro lado, o Império Brasileiro mobilizou todas as províncias para a luta justificando que fora agredido pelo Paraguai sem prévia declaração de guerra e que Francisco Solano Lopez era um megalomaníaco, de modo que a sua permanência no poder ameaçava a paz na região e a segurança das fronteiras. É interessante perceber que foi a primeira vez desde que o Brasil ficara independente que os brasileiros de todas as províncias se uniram pela mesma causa.
O pensamento da época entre os brasileiros era de que Paraguai atacou o Brasil sem motivos, porém eles não culpavam Paraguai pelo ataque, mas sim Francisco Solano Lopez, que dominava de forma tirânica seu país. Naquela época, a imprensa do Paraguai era do estado; não havia diferentes partidos políticos e não existia tolerância em relação à oposição; O congresso só funcionava quando convocado por Solano Lopez; Resumindo, todas as decisões eram de iniciativa de López. Na imprensa brasileira da época era normal chamar a guerra contra Paraguai de “A guerra de Lopez”.

O primeiro território invadido pelo Paraguai foi o de Mato Grosso (devido ao fraco exército). Logo em seguida, ele passou pela província argentina de Corrientes e já estava indo em direção a Rio Grande do Sul e Uruguai. Com isso, em 1865, o Brasil, Argentina (governada por Mitre) e Uruguai (governado por Flores) fizeram a Tríplice Aliança contra Solano Lopez (ditador paraguaio). Além disso, devemos lembrar que a partir de 1865 esses países contaram com o apoio inglês (que dava empréstimos para manter os exércitos). Através da batalha de Riachuelo nesse mesmo ano, a frota paraguaia foi destruída e a partir daí as forças da tríplice aliança passaram a ter controle dos rios, que eram os principais meios de comunicação, deixando o Paraguai “isolado”.

O Brasil, até então, tinha uma Guarda Nacional que cumpria a função de exército muito mal, e quando comparada ao exército bem organizado e treinado paraguaio, se viu a necessidade de criar uma nova força armada brasileira. Para isso, oficiais do exército se encarregaram dessa função e para ampliar o número de soldados, em 1866, decretaram que os escravos que fossem lutar na guerra obteriam a liberdade. (Muitos se alistaram dessa maneira, mas alguns foram obrigados a se apresentarem no lugar dos filhos de seus senhores que haviam sido recrutados). Os trabalhadores, produtores de riquezas, foram transformados em soldados consumidores de recursos. Devido a seu enorme exército, o Brasil foi o país da Tríplice aliança que mais forneceu militares, porém um dos que mais sofreu com isso. Além das mortes por combate, existia o problema de falta de alimento, comunicação e epidemias (principalmente cólera) que atingiam ambos os lados da guerra. Dos 139 mil brasileiros que lutaram 50 mil morreram e 2/3 deles por doenças (maioria eram negros).
Para organizar esse novo exército foi chamado, em 1866, o barão de Caxias, que conseguiu fazer com que Paraguai se retirasse dos territórios brasileiros e venceu várias batalhas em território paraguaio, que abriram caminho para a invasão da capital, Assunção, em 1869. A última batalha foi em 1870, liderada pelo genro de D. Pedro II (Conde D’Eu), que conseguiu fazer com que Solano Lopes fosse morto, em Cerro Cora.

A única coisa boa que a guerra trouxe para o Brasil foi o fortalecimento do exército criando um grupo de oficiais disciplinados e em maior número do que a Guarda Nacional, pronto para defender os interesses da instituição, podendo até ser capaz de impor suas idéias a força se necessário, causando uma pequena instabilidade ao regime Imperial; Porém a guerra gerou muitas mortes e um enorme endividamento com a Inglaterra (que foi a maior beneficiada com o conflito, acabando com a economia do Paraguai e aumentando seus negócios na região.)

A guerra devastou o território paraguaio e sua economia, causando a morte de cerca de 75% da população. Depois da Guerra do Paraguai, ele nunca mais voltou a ser um país com um bom índice de desenvolvimento econômico e passa por dificuldade políticas e econômicas até hoje.


-Decadência do II Império-
D.Pedro II era muito culto, fino, poliglota e estava a mais de 48 anos no poder, porém ele foi se desgastando devido a diversos fatores:
1-D.Pedro II se desgastou com as pressões. Ele tinha dificuldade para lidar com os conservadores e liberais (quando agradava um revoltava o outro e vice versa).
2-D.Pedro II se desentendeu com a elite aristocrata e os fazendeiros. O fim do trabalho escravo em 1888 fez com que os fazendeiros, cafeicultores e a aristocracia tradicional (que antes eram a favor de D.PedroII) se revoltasse contra ele e passaram a apoiar a Republica (Tipo de governo que existe desde a Roma antiga porém “cresceu” muito com a rev. francesa e o iluminismo. Toda a America já era Republica, menos o Brasil)
3-D.Pedro II se desentendeu com o exército. Com a guerra do Paraguai, os militares brasileiros voltaram muito mais confiantes exigindo maior espaço político e tendo um espírito corporativista (militar tende a se solidarizar com outros militares). D Pedro II apoiava muito mais a guarda Nacional do que o exercito. (deixando-os insatisfeitos)
4-D.Pedro II se desentendeu com a igreja católica. A religião oficial do Brasil era o catolicismo, porém o estado tinha direito de interferir em assuntos da igreja (Normalmente, para não ter problemas, o rei aceitava o que o Papa dizia). Os bispos do nordeste passaram a mandar embora todos os padres maçons. D.Pedro II era maçom e católico, a quem devia apoiar? Ele havia jurado fidelidade às duas. Segundo o Papa era impossível para os padres serem fiéis a Igreja e ao mesmo tempo a maçonaria. No fim das contas, ele mandou prender os bispos e apoiou os padres maçons, indo contra o Papa e se “queimando” com a igreja.

Em 1889 ocorreu um golpe militar que acabou com a monarquia e proclamou a Republica. É importante lembrar que ambos os militares proclamadores da República participaram da guerra do Paraguai e viam seu governo como merecido, devido a sua bravura pelo país. Eles justificavam o novo tipo de governo criticando homens e acontecimentos da história no Brasil Monárquico, inclusive a Guerra do Paraguai. O golpe foi feito da noite para o dia sem a participação popular e D.Pedro II teve de se exilar na França, porém morreu infeliz porque sentia muita falta do Brasil: país que amava.

II Império (1840 - 1889) - ECONOMIA


Cafeicultores e a Escravatura
Para os fazendeiros, o fim da escravidão seria péssimo, pois todos os seus investimentos seriam jogados no lixo. Para justificar o uso de mão de obra escrava africana no lugar do índio, se dizia que os índios conheciam melhor o terreno, muitas vezes falavam mesmo idioma, o que facilitava as revoltas; em contrapartida, os africanos não conheciam nada do terreno novo, falavam idiomas diferentes e eram de tribos diferentes (algumas vezes até rivais), o que dificultava o sucesso das revoltas.
Em 1845, a Inglaterra aprovou a Bill Aberdeen, que proibiu o tráfico de escravos pelo oceano Atlântico. Quem fosse pego contrabandeando seria julgado na Inglaterra. Para os ingleses era ótimo, pois eles estavam criando condição para que o dinheiro gasto em escravos fosse redirecionado para outros setores da economia e principalmente para o mercado inglês.
Em 1850, o ministro conservador Eusébio de Queiroz criou a lei de proibição de tráfico negreiro para preservar a imagem do Brasil aos olhos ingleses.
Com a lei Aberdeen e a lei de Eusébio de Queiroz, a importação de escravos foi ficando cada vez mais difícil. Além disso, as leis proibiam a escravização de índios (que também eram vistos como “preguiçosos”, pois como não eram agricultores, não viam sentido em produzir excedentes. Simultaneamente, estava tendo uma crise no nordeste devido queda no valor do açúcar, algodão e tabaco. Para os cafeicultores, a solução foi simples, “vamos trazer os escravos do nordeste para São Paulo”. Com isso começou um tráfico Interno de escravos cada vez maior


Mão-de-obra Imigrante – Um novo negócio
A política de imigração acompanhou o fim do tráfico negreiro, em 1850, com a lei de Eusébio de Queiroz. A troca de escravos por imigrantes foi feita através do sistema de parceria, em 1847, por iniciativa do senador Vergueiro. Para os fazendeiros, esse sistema era ideal pois o imigrante, fugindo da pobreza e das guerras na Europa, vinha para o Brasil achando que ia ter outra vida, ganhar muito dinheiro e logo ficar rico, porém acontecia o contrário. Como o fazendeiro cobrava a estadia, altas taxas de juros da passagem do imigrante, e o produto do trabalho imigrante pertencia ao cafeicultor, o trabalhador acabava por trabalhar como “servidão por divida” (acabava virando indiretamente um servo).
A Europa passou a criticar cada vez mais a escravatura e o movimento abolicionista começou a crescer cada vez mais. A mão de obra realmente tinha perdido seu sentido, pois estavam sendo utilizados os dois sistemas de trabalho ao mesmo tempo, causando problema.

Os imigrantes injustiçados também estavam sujeitos a grande violência (trabalhar com capatazes do lado, gritos, chicotadas). Como os fazendeiros estavam acostumados com os escravos, isso era muito comum, porém para o imigrante já não. Os imigrantes europeus haviam acompanhado e participado dos movimentos operários do sec. XIX e conheceram de perto as greves, os sindicatos e as lutas contra a exploração. Toda essa experiência adquirida foi trazida com eles para o Brasil, desencadeando diversas revoltas contra a injustiça. A Suíça chegou até a proibir a vinda de imigrantes suíços para o Brasil devido à exploração dos imigrantes.

Como o sistema não estava dando muito certo, foi substituído por volta de 1870/80 pelo sistema de Colonato. Nesse sistema, o governo brasileiro que pagava a vinda do imigrante e este passou a ser assalariado e tinha o direito de plantar comida para sua própria subsistência. (a vida e a condição de trabalho do imigrante continuavam sendo péssimo).

Terra roxa do Oeste Paulista e Modernização
Em 1860, como os solos do Vale da Paraíba estavam, em sua maioria, desgastados devido às plantações de café, a produção passou a diminuir. Os fazendeiros começaram a se mudar para o Oeste Paulista (era mais longe do litoral, porém tinha terras melhores, clima mais adequado ao café, tudo perfeito!)

A colheita continuava sendo feita com a mão de obra humana, porém a transformação do café coletado para o café comercial ficou mais moderna (uso de máquinas). Os fazendeiros perceberam que conseguiriam muito mais lucro se saíssem de sua fazenda e se mudassem para a cidade, começando a cuidar da venda do café. Algumas vezes os comissionados chegavam a se associar com os fazendeiros para negociar o café. Para não “abandonar” a sua fazenda, eles pagavam para um administrador ficar tomando conta dela em seu lugar.

Como a produção estava mais no interior, era necessária a construção de estradas de ferro para o litoral. Os ingleses aproveitaram a oportunidade de investimento e ajudaram o Brasil emprestando capital necessário para a sua construção em troca de juros e concessões.

Do sec. XIX a XX São Paulo passou por muitas mudanças, devido principalmente às exportações do café. A seguir veja as principais diferenças

VALE DO PARAIBA (+-1822)
-Cafeicultor é só fazendeiro
-Cafeicultor na zona rural
-Europa maior compradora
-Produção manual
-Transporte através de escravo
-Braço escravo
-Investimento no latifúndio monocultor



OESTE PAULISTA (+- 1860)
-Cafeicultor é fazendeiro e empresário
-Cafeicultor na cidade
-EUA maior comprador
-Beneficiamento(1) maquinizado
-Transporte através do trem
-Braço “livre” de imigrantes
-Investimento do lucro também em outros setores da economia


O café promoveu a modernização e aumentou investimentos em outros negócios.


Fim da Escravatura
A escravidão perdia o seu sentido, pois estavam sendo utilizados dois sistemas de trabalhos ao mesmo tempo (mão de obra escrava e a mão de obra imigrante). Muitos abolicionistas, republicanos e defensores do liberalismo começam a querer o fim da escravidão fazendo o movimento abolicionista crescer no Brasil. (A Europa também passou a criticar o escravismo em 1850)
Já um pouco revoltados contra o rei devido às leis abolicionistas da época, os cafeicultores fizeram o Manifesto Republicano em 1870 com ideal de derrubar a Monarquia.
D.Pedro II precebeu que estava perdendo poder então tentou agradá-los. Ele recebia muita pressão para a abolição da escravatura então, para não prejudicar os fazendeiros, propunha leis abolicionistas que não os afetava diretamente. Ex:
Em 1871: a Lei do Ventre Livre diz que toda a criança de escravo que nascesse era livre, porém ele ainda teria que pagar “o seu próprio valor” através do trabalho, isto é, para pagar a indenização por ser livre muitas vezes ele passava uma boa parte da vida ainda como escravo.
Ainda insatisfeitos com o rei, os cafeicultores se reuniram na convenção de Itu e fundaram o partido Republicano Paulista (PRP) em 1873.
Em 1885: a Lei do Sexagenário dizia que o escravo com mais de 60 seria livre, porém ele teria ainda de pagar a indenização para “pagar sua liberdade”. Naquela época a expectativa de vida era muito baixa e, além disso, ele teria que trabalhar +- até os 70 para ser livre (mesmo que sobrevivesse até ai, ele não tinha idéia para onde ir quando fosse livre.)
Em 1888: a Lei Áurea finalmente acabou com a escravidão no Brasil.




LEGENDAS:
(1) O café começa a crescer muito a partir de 1822 (começo do I Império) até 1889 (fim do II Império)
(2) O beneficiamento da produção é a parte da produção do café em que o café é transformado em produto comercial. Neste caso a parte de beneficiamento foi maquinizada, enquanto a parte de colheita continua igual. (somente com o tempo foram chegando os tratores, colhedeiras etc.)

Regência (1831 - 1840) - ECONOMIA


-Escravatura e a Pressão Inglesa-
A partir de 1830, a Inglaterra (em plena rev. Industrial) começou a fazer pressão para o fim da escravidão, pois tinha ideais de igualdade e direitos humanos e precisava de um maior mercado consumidor. O grande problema de escravidão é que impede a acumulação e circulação do capital.
Em 1831 foi feito um tratado com a Inglaterra (Lei Feijó) contra o tráfico de escravo no Brasil, mas não adiantou nada, pois o tráfico continuou. Na década seguinte, o número de escravos vindos da África chegou até a aumentar.

I Império (1822 - 1831) - ECONOMIA


-Café – Um novo negócio-
Depois de 1822, como a mineração estava em decadência e a economia começou a passar por alguns problemas, o café(1) foi uma solução perfeita. Contrabandeado da África e levado à Guiana Francesa, o café foi introduzido no Brasil e começou a ser plantado pelos escravos no Vale da Paraíba (MG e Litoral de SP e de RJ); Mais tarde, em 1830 aproximadamente, o café já fazia muito sucesso.
Os Cafeicultores começaram a ganhar muito dinheiro, poder político (delegado, prefeito) e compravam títulos de nobreza (através de favores para o rei D.Pedro II), tornando-se barões, viscondes etc.;
Quando a cafeicultura estava no Vale do Paraíba, os fazendeiros administravam toda a fazenda, porém não cuidavam diretamente da venda do café, que era enviado para o RJ carregado por escravos ou mulas, onde os comissionados de companhias (principalmente inglesas) compravam o café e revendiam na Europa.