domingo, 5 de abril de 2009

II Império (1840 - 1889) - ECONOMIA


Cafeicultores e a Escravatura
Para os fazendeiros, o fim da escravidão seria péssimo, pois todos os seus investimentos seriam jogados no lixo. Para justificar o uso de mão de obra escrava africana no lugar do índio, se dizia que os índios conheciam melhor o terreno, muitas vezes falavam mesmo idioma, o que facilitava as revoltas; em contrapartida, os africanos não conheciam nada do terreno novo, falavam idiomas diferentes e eram de tribos diferentes (algumas vezes até rivais), o que dificultava o sucesso das revoltas.
Em 1845, a Inglaterra aprovou a Bill Aberdeen, que proibiu o tráfico de escravos pelo oceano Atlântico. Quem fosse pego contrabandeando seria julgado na Inglaterra. Para os ingleses era ótimo, pois eles estavam criando condição para que o dinheiro gasto em escravos fosse redirecionado para outros setores da economia e principalmente para o mercado inglês.
Em 1850, o ministro conservador Eusébio de Queiroz criou a lei de proibição de tráfico negreiro para preservar a imagem do Brasil aos olhos ingleses.
Com a lei Aberdeen e a lei de Eusébio de Queiroz, a importação de escravos foi ficando cada vez mais difícil. Além disso, as leis proibiam a escravização de índios (que também eram vistos como “preguiçosos”, pois como não eram agricultores, não viam sentido em produzir excedentes. Simultaneamente, estava tendo uma crise no nordeste devido queda no valor do açúcar, algodão e tabaco. Para os cafeicultores, a solução foi simples, “vamos trazer os escravos do nordeste para São Paulo”. Com isso começou um tráfico Interno de escravos cada vez maior


Mão-de-obra Imigrante – Um novo negócio
A política de imigração acompanhou o fim do tráfico negreiro, em 1850, com a lei de Eusébio de Queiroz. A troca de escravos por imigrantes foi feita através do sistema de parceria, em 1847, por iniciativa do senador Vergueiro. Para os fazendeiros, esse sistema era ideal pois o imigrante, fugindo da pobreza e das guerras na Europa, vinha para o Brasil achando que ia ter outra vida, ganhar muito dinheiro e logo ficar rico, porém acontecia o contrário. Como o fazendeiro cobrava a estadia, altas taxas de juros da passagem do imigrante, e o produto do trabalho imigrante pertencia ao cafeicultor, o trabalhador acabava por trabalhar como “servidão por divida” (acabava virando indiretamente um servo).
A Europa passou a criticar cada vez mais a escravatura e o movimento abolicionista começou a crescer cada vez mais. A mão de obra realmente tinha perdido seu sentido, pois estavam sendo utilizados os dois sistemas de trabalho ao mesmo tempo, causando problema.

Os imigrantes injustiçados também estavam sujeitos a grande violência (trabalhar com capatazes do lado, gritos, chicotadas). Como os fazendeiros estavam acostumados com os escravos, isso era muito comum, porém para o imigrante já não. Os imigrantes europeus haviam acompanhado e participado dos movimentos operários do sec. XIX e conheceram de perto as greves, os sindicatos e as lutas contra a exploração. Toda essa experiência adquirida foi trazida com eles para o Brasil, desencadeando diversas revoltas contra a injustiça. A Suíça chegou até a proibir a vinda de imigrantes suíços para o Brasil devido à exploração dos imigrantes.

Como o sistema não estava dando muito certo, foi substituído por volta de 1870/80 pelo sistema de Colonato. Nesse sistema, o governo brasileiro que pagava a vinda do imigrante e este passou a ser assalariado e tinha o direito de plantar comida para sua própria subsistência. (a vida e a condição de trabalho do imigrante continuavam sendo péssimo).

Terra roxa do Oeste Paulista e Modernização
Em 1860, como os solos do Vale da Paraíba estavam, em sua maioria, desgastados devido às plantações de café, a produção passou a diminuir. Os fazendeiros começaram a se mudar para o Oeste Paulista (era mais longe do litoral, porém tinha terras melhores, clima mais adequado ao café, tudo perfeito!)

A colheita continuava sendo feita com a mão de obra humana, porém a transformação do café coletado para o café comercial ficou mais moderna (uso de máquinas). Os fazendeiros perceberam que conseguiriam muito mais lucro se saíssem de sua fazenda e se mudassem para a cidade, começando a cuidar da venda do café. Algumas vezes os comissionados chegavam a se associar com os fazendeiros para negociar o café. Para não “abandonar” a sua fazenda, eles pagavam para um administrador ficar tomando conta dela em seu lugar.

Como a produção estava mais no interior, era necessária a construção de estradas de ferro para o litoral. Os ingleses aproveitaram a oportunidade de investimento e ajudaram o Brasil emprestando capital necessário para a sua construção em troca de juros e concessões.

Do sec. XIX a XX São Paulo passou por muitas mudanças, devido principalmente às exportações do café. A seguir veja as principais diferenças

VALE DO PARAIBA (+-1822)
-Cafeicultor é só fazendeiro
-Cafeicultor na zona rural
-Europa maior compradora
-Produção manual
-Transporte através de escravo
-Braço escravo
-Investimento no latifúndio monocultor



OESTE PAULISTA (+- 1860)
-Cafeicultor é fazendeiro e empresário
-Cafeicultor na cidade
-EUA maior comprador
-Beneficiamento(1) maquinizado
-Transporte através do trem
-Braço “livre” de imigrantes
-Investimento do lucro também em outros setores da economia


O café promoveu a modernização e aumentou investimentos em outros negócios.


Fim da Escravatura
A escravidão perdia o seu sentido, pois estavam sendo utilizados dois sistemas de trabalhos ao mesmo tempo (mão de obra escrava e a mão de obra imigrante). Muitos abolicionistas, republicanos e defensores do liberalismo começam a querer o fim da escravidão fazendo o movimento abolicionista crescer no Brasil. (A Europa também passou a criticar o escravismo em 1850)
Já um pouco revoltados contra o rei devido às leis abolicionistas da época, os cafeicultores fizeram o Manifesto Republicano em 1870 com ideal de derrubar a Monarquia.
D.Pedro II precebeu que estava perdendo poder então tentou agradá-los. Ele recebia muita pressão para a abolição da escravatura então, para não prejudicar os fazendeiros, propunha leis abolicionistas que não os afetava diretamente. Ex:
Em 1871: a Lei do Ventre Livre diz que toda a criança de escravo que nascesse era livre, porém ele ainda teria que pagar “o seu próprio valor” através do trabalho, isto é, para pagar a indenização por ser livre muitas vezes ele passava uma boa parte da vida ainda como escravo.
Ainda insatisfeitos com o rei, os cafeicultores se reuniram na convenção de Itu e fundaram o partido Republicano Paulista (PRP) em 1873.
Em 1885: a Lei do Sexagenário dizia que o escravo com mais de 60 seria livre, porém ele teria ainda de pagar a indenização para “pagar sua liberdade”. Naquela época a expectativa de vida era muito baixa e, além disso, ele teria que trabalhar +- até os 70 para ser livre (mesmo que sobrevivesse até ai, ele não tinha idéia para onde ir quando fosse livre.)
Em 1888: a Lei Áurea finalmente acabou com a escravidão no Brasil.




LEGENDAS:
(1) O café começa a crescer muito a partir de 1822 (começo do I Império) até 1889 (fim do II Império)
(2) O beneficiamento da produção é a parte da produção do café em que o café é transformado em produto comercial. Neste caso a parte de beneficiamento foi maquinizada, enquanto a parte de colheita continua igual. (somente com o tempo foram chegando os tratores, colhedeiras etc.)

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